segunda-feira, 14 de julho de 2008

Evangelização urbana nos moldes de Jesus

Não há como evangelizar sem sentir que é necessáriopassar pelas samarias atuais - João 4: 1-30
Um dos fatores determinantes no processo de crescimento de uma igreja é o trabalho ou o tipo de evangelização por ela realizado. Evangelização é o ato de evangelizar com ação, ou a ação de comunicar o evangelho. Um autor afirmou: “evangelizar é um mendigo dizer a outro mendigo onde conseguir alimento”. Segundo os entendidos, “nunca, em dois mil anos, foi tão fácil evangelizar. Nunca foi tão fácil levar pessoas à conversão e à fé cristã. Porém, precisa usar a metodologia adequada”.
Por outro lado, os missiólogos afirmam que não pode haver nenhum esquema uni-forme de evangelização. O que está dando certo em uma determinada igreja não quer dizer que dará certo noutra. Assim, pode-se dizer que o trabalho de evangelização urbana executado pela igreja nunca será ou estará completo. Nesse sentido, haverá sempre necessidade de descobrir as realidades desconhecidas e repensar os métodos, técnicas e estratégias utilizadas nesse processo.
O cenário urbano registrado pelo evangelista João é um protótipo ou um modelo de evangelização urbana que funciona. Jesus havia deixado a Judéia, ao Sul, e seguido para a Galiléia, ao Norte, quando sentiu que era necessário passar por Samaria, cidade que ficava entre as duas regiões, v. 4. Ao meio-dia, junto ao poço de Jacó, na cidade de Sicar, travou um longo diálogo com uma mulher samaritana que viera buscar água. E como resultado de sua estada nesse lugar, muitas pessoas foram ter com ele, para ouvir a palavra de Deus, v. 30.
O evangelismo pessoal aplicado por Jesus foi dinâmico e transformador. A pecadora de Samaria ficou convencida de seus pecados e tornou-se uma testemunha de Jesus. Dentre os diversos aspectos bíblico-dogmáticos vistos neste texto na atitude evangelizadora nos moldes de Jesus, destacaremos alguns deles.Práxis da necessidade - v. 4
O texto diz que “era-lhe necessário passar por Samaria”. Está evidente que ele foi movido por uma intuição própria. Quer dizer: ninguém lhe disse nada, mas a página da história de uma mulher seria escrita a partir do momento em que ele pressentiu que era necessário fazer essa traje-tória, ainda que a rota normal dos judeus fosse dar a volta, seguindo o vale do Rio Jordão para o Norte, até a Galiléia.
Podemos chamar este fato de práxis da necessidade ou da compaixão. Mas o que é práxis? Seria a “ação criativa e transformadora do povo de Deus na história, acompanhada de um processo profético e da reflexão crítica que objetiva tornar a obediência cristã ainda mais efetiva”. Em outras palavras, é ação da igreja em atenção à necessidade alheia - especial-mente do pecador.
A Bíblia ensina que Jesus andou na práxis da compaixão e do amor. Ele sentia a necessidade do povo. A história de muita gente foi escrita por suas atitudes criativas e práticas. Certa ocasião ele olhou para uma multidão e sentiu grande compaixão por ela: “E Jesus, saindo, viu uma grande multidão e, possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos”, Mt 14: 14. Se a igreja quer que sua evangelização urbana seja autêntica e transformadora, Jesus dá a receita: “Te-nho compaixão desta gente”, Mt 15: 32. Sim, não há como evangelizar sem sentir que é necessário passar pelas samarias atuais. Este pré-requisito leva a igreja a perceber que a história de milhares de pessoas que vivem sem Jesus precisa ser mudada.
Mudança de paradigma - v. 9
Judeus e samaritanos não se falavam em hipótese alguma. Era uma rixa antiga. “Os judeus chegavam ao extremo de desencorajar a tentativa de fazer prosélitos dentre os samaritanos [...]”. O pedido de Jesus: “dá-me de beber”, deve ter sido considerado pela mulher como uma atitude tolerante, pois, de imediato, ela respondeu: “Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana”. Tanto é que a conversa delongou e o plano de salvação foi exposto por Jesus.
No entanto, esse incidente contrariava o comportamento judeu-samaritano (porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos), vv. 7 e 9. Na verdade, o comportamento ético-cristão de Jesus fala claramente de mudança ou alteração de paradigma. Uma cena desta hoje seria, provavelmente, manchete de capa de revista ou jornal. Ou, na perspectiva religioso-evangélica, mereceria disciplina ou castigo. Porém, o interessante para Jesus não era manter a tradição de uma religião, mas cumprir com a missão de seu Pai e favorecer ao Reino de Deus, Lc 19: 10.
O paradigma “explica como é o mundo e nos ajuda a predizer seu comportamento. É a forma como você percebe esse mundo. Por exemplo: ele está para você da mesma forma como a água está para o peixe. O peixe não sabe que está dentro dela até que o tirem para fora”. Isto se aplica à vida cristã. Às vezes, diga-se de passagem, certos conceitos dependem do paradigma. A maneira como se interpreta uma situação é, às vezes, relativa e pode ser até mesmo, individualista. Porém, Jesus foi além das circunstâncias do relativismo ou individualismo. Ele precisava passar por Samaria, para evangelizar uma pecadora.
Contexto urbano - v. 18
O contexto diz respeito à cultura - aos valores, idéias e sentimentos - de um deter-minado povo. Também diz respeito às classes sociais, à religião ou religiões. O contexto revela quais são as características que são próprias de uma determinada cidade. Isto ensina que evangelização e contexto precisam andar de mãos dadas. Então, para se usar um determinado tipo de técnica ou método na evangelização é preciso conhecer o contexto, o ambiente em que se vai trabalhar.
Neste caso, Jesus conhecia o contexto da cidade de Sicar. Ele conhecia o modo de vida desse povo. Foi em razão disso que em sua conversa com a Samaritana, ele quer usar o método indutivo, ou seja, ele começou a conversação partindo do particular para o geral - do problema pessoal para a solução. Os argumentos usados por ele foram tão convincentes que a mulher abriu-lhe o coração: “vai, chama o teu marido e vem cá. A mulher respondeu: não tenho marido. Disse-lhe Jesus: disseste bem: Não tenho marido, porque tiveste cinco e o que tens agora não é o teu marido”, vv. 18 e 19.
A igreja precisa conhecer o contexto urbano ou onde se localiza. Saber quais os tipos de pessoas existentes na cidade. Quais as suas preferências e necessidades básicas. Identificar os focos de convergência da juventude, pois “Deus chama a igreja para o seu contexto particular, como um instrumento da sua graça e salvação, desenvolvendo e realizando a missão como um processo criativo e transformador”.
Por fim, vale dizer que a evangelização urbana da igreja nos moldes de Jesus não tem nada a ver com a inovação e comprometimento com os padrões de uma sociedade, mas, simplesmente, com a integridade e contextualização de sua mensagem no cumprimento de sua missão cristã, Mc 16: 15.
Publicado no Jornal Aleluia de junho de 2004

sábado, 12 de julho de 2008

testemunho marcante

HELEN ROSEVEARE - Um exemplo de amor por Missões
Helen Roseveare nasceu em Cornwaal, na Inglaterra em 1925. Seu pai foi umrenomado matemático, noemado cavaleiro em razão de seus serviços patrióticos durante a guerra. Aos doze anos entrou numa escola para meninas. Em Cambridge formou-se em medicina. Foi lá que no primeiro ano passou por uma experiência de conversão.
Em 1953, navegou para o Congo, mesmo solteira, com o objetivo de servir ali com a Cruzada de Evangelização Mundial. Foi o início de sua atividade missionária. Percebendo ao chegar no Congo, a profunda carência na área de saúde, planejou um centro preparatório onde a Bíblia e a medicina básica fossem ensinados para as enfermeiras, que após treinadas, retornariam às suas cidades de origem como evangelistas leigas e prontas para oferecer os cuidados médicos preventivos à população carente. Helen cooperou ainda na construção de um hospital no Congo e em Nebobongo. Tudo isso foi realizado em meio a difilculdades e oposições das mais diversas.
Em 1957, já em Nebobongo, foi arbitrariamente afastada de suas funções, sendo substituída pelo Dr. John Harris. Os fatos lhe geraram dor e tristeza. foi claramente perseguida e injustiçada por colegas missionários. Em 1958, de férias, retornou para a inglaterra profundamente desiludida com a tarefa missionária.
Achando que seus problemas eram devidos ao fato de ser solteira, pediu a Deus em oração um marido-médico, o que não lhe foi atendido. Entendeu que Deus poderia suprir-lhe todas as necessidades, sem que fosse preciso casar-se.
Em 1960 retornou ao Congo, num momento onde o país alcançara sua independência. Foi uma época de grandes riscos para os brancos. Convicta de sua chamada e confiante na proteção de Deus, resolveu ficar: "Se Cristo é Deus e morreu por mim, então nenhum sacrifício que eu faça por Ele é demasiadamente grande". As portas se abriram, com maiores oprtunidades de serviço, devido ao retorno de alguns missionários, dentre eles, o próprio Dr. John Harris. Ocupou novamente a função de encarregada do centro médico de Nebobongo.
Com o fortalecimento das forças rebeldes, vários missionários foram alvo de ataques, violência e seqüestros. a própra Dra. Helen foi vítima de roubo e tentativa de envenenamento. Entendo que muitas pessoas dependiam dela, continuou firme e resoluta.
No dia 15 de agosto de 1964, um caminhão de carga de soldados rebeldes Simba, assumiu o hospital em Nobobongo, que foi ocupado por um período de cinco meses. Eles eram brutais e grosseiros. De suas bocas saiam palavras de ameaças e obcenidades. Foi um momento de grande tensão. Em 29 de outubro, durante a ocupação, ela foi dominada por um soldado rebelde. Seu relato é dramático:"Eles me descobriram, puseram-me empé, bateram em minha cabeça e ombros, atiraram-me no chão, deram-me pontapés, levantaram-me outra vez apenas para voltar a espancar-me - a dor nauseante de um dente quebrado, da boca cheia de sangue pegajoso, dos óculos desaparecidos. Fora de mim, entorpecida de horror e medo desconhecido, empurrada, arrastada, levada de volta à minha casa - ouvindo gritos insultos, maldições".
Ao chegar em casa, já sem forças para lutar, foi estuprada brutalmente, sem nenhuma misericórdia. Pensou a princípio que Deus havia lhe desamparado, para depois, contudo, ser fortalecida no espírito. Seu relacionamento com Deus em nada foi abalado. A violência sofrida e a maturidade espiritual adquirida, lhe preparou para outras agressões sexuais que sofreu até ser libertada em 31 de dezembro de 1964, retornando para a Inglaterra.
Após dois anos, com uma melhor estabilidade política no Congo, sentiu-se impussionada a voltar à África, o que fez em março de 1966, reassumindo seu cargo de missionária-médica. Anos difíceis se seguiram. O novo espírito nacionalista, produziu nos nativos um sentimento de rejeição. A geração mais jovem não tinha o respeito devido por aquela que se sacrificara tanto pelo Congo.
Em 1973 a Dra. Helen deixou a África, após vinte anos de serviços, sem o devido reconhecimento e profundamente amargurada.
A amargura foi aos poucos desaparecendo, para surgir um revigoramento espiritual em sua vida. Entendia que todo o que passara fazia parte de um trabalhar de Deus em sua vida, lhe preparando para uma nova etapa. Era o oleiro modelando o vaso, para continuar usando-o para a sua glória.
Desde então, a Dra. Helen Roseveare tornou-se uma das mais solicitadas e aclamada conferencista internacional, realizando palestras sobre as missões cristãs, edificando, encorajando e testemunhando que todo sofrimento aqui nesta vida, não se compara com o que Jesus passou por nós.
Blog: http://altairgermano.blogspot.com
ReferênciasTUCKER, Ruth A. E até aos confins da terra. Tradução de Neyd Siqueira. São Paulo: Vida Nova, 1986http://chi.gospelcom.net/DAILYF/2002/08/daily-08-15-2002.shtml . Acesso em 21 de março de 2008http://en.wikipedia.org/wiki/Helen_Roseveare . Acesso em 21 de março de 2008